“Jesus, porém, lhe disse: ‘Guarda a espada na bainha! Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão. Ou pensas que eu não poderia recorrer ao meu Pai, que me mandaria logo mais de doze legiões de anjos?” Mateus 26, 52-53
Junto ao nascimento da Igreja, nasceu também a perseguição. Desde o princípio os cristãos vivem a perseguição no mundo, de forma direta ou ainda indireta, seja pela martiria ou pela intolerância. Nos últimos dias, nós que somos a Igreja da América Latina, percebeu isso com maior proximidade pelos ataques às Igrejas no Chile. Com todo esse cenário não se torna surpreendente sentirmos a dor, mas também reações de raiva e até mesmo desejo de justiça. Porém, muito mais do que uma perseguição de caráter social, ideológico e político, a perseguição ao cristianismo sempre foi e sempre será de caráter espiritual. Com isto não queremos enxergar a situação de forma animista, mas sim trazer à luz aquilo que por diversas vezes tardamos a reconhecer. Quando não reconhecemos que há lutas travadas a nível espiritual tendemos a querer guerrear com nossos punhos, como o discípulo de Jesus ao ver o Mestre ser preso, e assim geramos ainda mais guerra e ferimos uns aos outros, pois nossa força humana é insuficiente para vencer o que não é de origem humana.
É compreensível sentir raiva e buscar justiça quando vemos que Deus está sendo agredido por sua própria criação, porém o que estamos gerando de mudança na vida destes irmãos? Morte por morte eles também estão nos matando. Morte por morte não fará com que eles deixem nos perseguir. Estamos buscando apenas ferir quem nos feriu ou trazer reconciliação?
Hoje talvez não estejamos tirando espadas de nossas bainhas, não de forma literal, mas de alguma maneira ainda temos nossas armas para ferir o outro: Temos redes sociais, temos discursos cheios de ego e imposições para afirmarmos para nós mesmos que estamos certos. A Verdade é sempre A Verdade, mas você acredita Nela por o que ela é ou por querer sempre se colocar em um suposto lugar de superioridade? Precisamos entender que a nossa defesa sempre virá do Senhor e não da nossa força.
Quando Jesus pede para o discípulo guardar a espada, é por saber que aquilo era um comportamento um tanto ingênuo do discípulo, pois Ele possuía seu próprio exército, afinal, Deus no antigo testamento era chamado de O Senhor dos Exércitos não em vão, mas porque quando Israel ia guerrear era o Senhor que os liderava. Na tradição da Igreja , São Miguel Arcanjo é quem lidera o batalhão de anjos de Deus, a chamada Milícia Celeste. Este arcanjo não se tornou o príncipe da Milícia Celeste por ser o maior ou mais forte, pelo contrário, São Miguel faz parte da terceira hierarquia. São Miguel é o príncipe da Milícia Celeste, pois quando Lúcifer e os demais anjos quiseram ser como Deus, recusando-se a adorarem a Ele, foi São Miguel, em sua pequenez, que se posicionou dizendo que Ninguém é como Deus.
Por vezes as relações humanas estão em batalhas, pois um lado quer se colocar melhor que o outro, porém não se vencem guerras, sejam elas visíveis ou invisíveis, almejando querer ser superior ou provando que está certo. Em Deus as guerras se vencem quando confiamos Nele, quando temos um coração humilde, como São Miguel, reconhecendo que o poder é do Senhor e sendo como Jesus, a saber que muito maior do que a perseguição humana, é o Exército do Pai que nos ama e nos enxerga.
Meus irmãos, neste dia convido a você a nos unirmos em oração e junto a Deus guerrearmos por batalhas que Ele já venceu. Fortalecendo-nos no Senhor e em Sua força, como diz a Palavra de Paulo aos Efésios, pois nossa luta é contra principados, potestades e dominadores deste mundo, e não aos irmãos das redes sociais, que são pessoas de sangue e carne.