Nosso Deus é Deus de comunicação.
Todo aspecto da revelação divina está pautado no fato de que o Senhor se deu a conhecer aos homens e com eles quis se relacionar. Andava com o ser humano, antes da queda pelo pecado, à brisa da tarde e passava horas a se comunicar (Gn 3,8), revelou-se nas teofanias do Antigo Testamento como a sarça ardente (Ex 3), em visões aos profetas (Is 6, 1-5), até a plenitude no Cristo (Jo 1,14) e a vida no Espírito (Rm 8,16), que deve ser levada a todos.
A circunstância, porém, para adesão de mais homens e mulheres à vida no Espírito e conhecimento do Senhor é que haja anúncio. Proclamamos a possibilidade de um encontro (e de encontros) com Cristo, pois, antes, nós mesmos fomos encontrados e abraçados por Jesus. Sonhamos com a eternidade possível.
A eternidade nos é próxima, à medida em que vivenciamos integralmente o Evangelho. Afaste-se, portanto, aquilo que se reveste de espiritualidade, mas não tem raízes evangélicas e, sobretudo, aquilo que se opõe integralmente à vontade do Senhor. Todo o Evangelho é narração de encontro, pois a comunicação primordial de Deus é o encontro. Eis que, para nós, é chegado o momento de partir, de cumprir o mandato do “Ide” (Mc 16,15), pois o Senhor nos pede não para lapidar aqueles que chegam, mas para partir ao encontro daqueles que não se dispõem à vivência cristológica. Tendo em vista que cada encontro de Cristo com a humanidade é pessoal e não de massas, assumimos que nosso anúncio é individualizado. Assim como Jesus olhava nos olhos (Lc 20,17) de todos quanto se encontrava, os convidando (Lc 5,1-11), nós, também, discipularemos a todos, sem distinção, expandindo o Reino dos céus.
Nicodemos, fariseu, membro da alta sociedade e estimado pelo povo judeu, encontra-se com Jesus à noite (Jo 3,1-2), por medo de que perdesse a sua reputação. Jesus, porém, frente às adversidades que se punham diante dele, não perdeu a oportunidade. Naquele momento, Jesus discipulou Nicodemos e o transformou a partir da força de sua palavra. Nascer de novo é a proposta que Jesus lança a Nicodemos naquele encontro e que oferece a cada um de nós. Render-se em inteireza é o fruto daquele que verdadeiramente desfruta da presença do Senhor. Isto é, portanto, o nascer de novo: permitir que a condução de sua própria vida seja dada ao Espírito Santo. Eventualmente, o render-se nos levará às mudanças. Precisamos compreender, se ainda não o fizemos, que Jesus muda a nossa vida para nos alinhar em uma jornada de eternidade e clamar por disposição para mudanças favoráveis segundo a vontade de Deus.
Ao mover-se em direção a nós, o Senhor nos pede para lutar contra tudo aquilo que nos paralisa: o medo, a religiosidade vazia e o temor da condenação. Aquele que é seduzido ao chamado extraordinário não é obrigado a vive-lo, mas se se submete a ele, deve superar as barreiras pessoais. Quem com Jesus se encontrou muda de vida e tem sede de encontro. Encontro consigo mesmo e com o Cristo. Adentra, também, na vida no Espírito (Jo 3,5). Acredita no impossível e invisível (Jo 3,12). Toca e efetiva curas e milagres (Jo 3,14). Renuncia a superficialidade (Gl 6, 8).
Nós cremos em um Cristo vivo e verdadeiro, pois com Ele nós mesmos nos encontramos.
Se fomos encontrados, fomos também enviados a transformar indivíduos, que, por sua vez, transformam nações. Fomos encontrados para revelar nessa sociedade aquilo que ela ainda necessita. E se ela ainda está ferida, é devido a omissão de cada cristão que, ciente da verdade encontrada, opta por retê-la para si mesmo. Eis, porque, o encontro de Nicodemos com Jesus ainda hoje tem muito a nos falar: o indivíduo não está isolado da sociedade, mas a constitui. Nicodemos, em seus atributos sociais, ao declarar que Jesus é mestre, também desafia e transforma o grupo social que pertencia e posteriormente estes impactarão a sociedade.
Necessitamos ter uma sociedade impactada pela vivência cristã. Urge-nos romper fronteiras e revelar aquilo que Deus tem para o homem. Passou-nos o tempo de revestirmo-nos da lente do Pai, assumindo a sua cosmovisão. É no já que somos requisitados para a liberação da autoridade adquirida no batismo no Espírito Santo. Se em nossa sociedade há cativeiros e mazelas é porque ali falta o Cristo vivo e verdadeiro. Há o coletivo da sociedade que precisa ser alcançada pela bíblia. Não a retenhamos apenas como fonte para nós, mas a divulguemos como manual para todos os homens, que estão sedentos por um testemunho de santidade que parta de nós.
Sabemos que a maneira como pensamos define a maneira que interpretamos o mundo a nossa volta. Transformemos, pois, toda a nossa maneira de pensar e julgar (Rm 12,2), ao convite do novo nascer que nos Cristo convida. Precisamos converter o nosso coração, mas, também, a mentalidade, a fim de estabelecer vínculos com a eternidade e evitar que o encontro com Cristo se torne atmosfera de emoção apenas. Se a sociedade necessita ser transformada, nós somos os agentes de sua transformação. Nós somos o seu filtro. Afirmamos que o conhecimento do qual necessitamos é o conhecimento de Deus, o entendimento de quem Ele é, pois vale mais uma revelação do Senhor do que toda uma vida de títulos materiais.
Se possuímos a visão de Cristo, adquirimos os seus valores. Nos posicionando nos valores de Cristo, perpetuamos em nós um caráter de Reino. Ao expandirmos o caráter do Reino aos indivíduos, se é estabelecida uma cultura cristã. Conhece-se uma sociedade por aquilo que ela cultua, pela sua cultura. A nossa cultura Kadosh é a soberania do Senhor. Nós a efetivaremos pelo exercício do nosso ministério que santificará indivíduos e atingirá o coletivo que clama a manifestação dos filhos de Deus. Precisamos relembrar à Igreja de que o Reino de Deus necessita ocorrer na sociedade. Nós não estamos à parte dela, mas pertencemos a ela. Por muito tempo, nós, Igreja, nos mantemos afastados e acabamos por nos fecham em fundamentalismos.
Compreendemos que a sociedade é, pois, composta por indivíduos e por algumas esferas: Ekklesia; Estado; Educação; Ciências; Artes e entretenimento; Economia; Comunicação; Família. Para atingi-las, entretanto, precisamos atingir o indivíduo, pois ele quem faz girar a ordem. O nosso atingir não seja outro que não santificar pelo poder do Espírito.
Deus é Senhor de todas as coisas e, por isso mesmo, quer todas as coisas santificadas nele e, para isso, quer depender de nós. Ele põe em nós a visão de Cristo para irmos até onde Cristo quer que nós estejamos. Hoje, compreendemos que nos é muito caro a separação entre Igreja e Ciência, visto que ambas realidades precisam estar juntas e em harmonia, como melodias de salvação na humanidade. Assim, perdemos representantes em muitas esferas porque nos fechamos em nosso fundamentalismo. Devemos voltar a vestir o nosso equipamento de guerra, que é a vontade de Deus. Se em nosso meio ainda falta relevância, é porque está faltando Reino de Deus e se falta Reino, é porque falta conversão de vidas e cumprimento do querer do Senhor em nós. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, diz-nos o texto bíblico do Evangelho de João, no capítulo 8, verso 32. Por que, então, nos sentimos no direito de privar ao mundo o conhecimento da verdade e consequente liberdade em Deus?
É o próprio Jesus quem precisa estar em todos os lugares e não enclausurado em paredes dos templos, mosteiros ou nossas casas. Jesus necessita ser levado à todas as pessoas, em todos lugares, em todos os momentos. Urge, pois, que sejamos nós os reparadores das realidades feridas pela ausência do Reino na sociedade. Todo fundamentalismo e todo relativismo são frutos do equívoco de visão que nos faz bloquear a presença de Jesus nas esferas. Prospectemos, nós, a nossa fé para dimensões maiores, pois se desejamos ser santos, desejamos ser para o mundo, para impactá-lo.
Porque nascemos de novo, temos uma missão renovada: equipar os valentes e dispostos para reconduzir tudo ao Senhor e assumir a nossa própria missão que está relacionada com a missão de Deus. Para nós, estabelecer o Reino deve valer a vida. Transformar ideias, santificar culturas, dar acesso ao Reino para todas as pessoas: eis o que devemos fazer. Chega de apenas olharmos o céu como realidade distante para nós, precisamos de homens e mulheres corajosos para puxar o céu à terra. Profetas de uma geração levantada, para transformar corações e ser a Bíblia no mundo.
Declaremos que a nação brasileira possui um Senhor: Jesus Cristo. Ele é quem está acima de todas as coisas, boas e más, que nos afetam enquanto sociedade. Acreditamos no seu poder e, por isso, acreditamos no poder transformador que este nome exerce nos indivíduos e no coletivo. A cruz é uma determinação de missão e não apenas uma filosofia. Assumamo-la, decretando a extirpação de toda visão romantizada ou fora do real de Deus. Queremos equipar-nos com a visão do próprio Deus, que ama o homem e que vê nele possibilidade de salvação e de santidade. Este seja o nosso propósito: recuperar as terras perdidas.
Somos coletividade ministerial, precisamos nos mexer, pois o Evangelho continua verdade, apesar de nossa letargia. O cristianismo tem algo para falar e o que irá falar é a verdade absoluta Jesus Cristo.
Amém! Vem, Senhor Jesus!
Indivíduo
Deus sempre levantou projetos e prodígios porque intervém na história da humanidade e a ama. O Pai, que sempre teve sonhos e propósitos para os seus filhos individual e coletivamente, nunca eliminou nenhuma das duas percepções. Desejou e quis que o homem se agrupasse e por meio do agrupamento falar com os homens.
O Senhor foi fiel no seu critério de revelação de si mesmo na sociedade. Foi dessa forma que, quando Deus revelou a promessa a Abraão, não somente ele foi atingido pela graça do Senhor, mas constituiu, naquele momento, uma obra na coletividade, abraçando as gerações futuras.
Continuou sua obra em coletividade suscitando, para o seu povo, juízes, que organizavam a sociedade. Quando o povo clamou, Ele escolheu e ungiu reis para governa-los com justiça, integridade e retidão. Revelou aos profetas para que comunicassem as suas palavras em meio a todos os homens.
Jesus, por sua vez, também evidencia e deixa legados na intervenção da sociedade. Ele mesmo é um sinal de cuidado de Deus Pai para com todos os homens, quando, a partir do Filho, determina redenção e salvação a todos. Jesus não é uma revelação particular, que se dá apenas a poucos, mas universal.
O Cristo, em seu múnus ministerial, se preocupa com a sociedade e soube separar aquilo que pertence ao material daquilo que pertence ao espiritual (Mt 22,15-22). Ele mesmo determinou que há coisas que pertencem às realidades desta terra, mas elucidou a existência das realidades espirituais.
A sociedade, nos nossos dias, está precisando de cuidados de eternidade. Infelizmente, deixamos, muitas vezes, que outros falem por nós e, dessa forma, não proclamamos da verdade que nos foi deixada como mandato para ser anunciada. Nós nos esquivamos porque espiritualizamos demais e não atuamos na sociedade.
Proclamamos que toda a terra será tomada pela glória de Deus, mas para que isto ocorra, precisamos parar de reter para nós mesmos as revelações da parte do Senhor e começar decretá-las em nossas vidas e na vida de todas as pessoas. Desejamos que a sociedade, por inteira, receba novamente dos mandatos do Senhor e que, em seus alicerces comuns, fundamente-se na verdade, que é o Cristo.
Os alicerces da sociedade são: o Indivíduo, a Família, o Estado e a Ekklesia. A partir delas, a sociedade é solidificada e estabelecida. Cada uma dessas instituições possui jurisdição própria e são regidas por uma particular legislação.
Cada uma dessas bases é fundamental na construção de uma sociedade saudável e cristocêntrica. Um alicerce não pode, pois, dominar o outro. É necessário, portanto, que haja um fluir das liberdades.
Todos precisam de uma revelação de quem Cristo é. Todos têm sede de conhecer e direito de receber a verdade. Só se chegará a uma sociedade desejada por Deus à medida em que os alicerces apontarem Jesus. Se queremos uma sociedade de Reino, precisamos que as suas bases estejam fundamentadas na cultura do Reino, revelando o caráter sobrenatural de Deus e dando continuidade ao seu propósito de se comunicar socialmente com os homens.
O que queremos é revelar a opinião de Deus sobre a sociedade, pois há opiniões que, mesmo sendo boas, não são vontade de Deus. Devemos eliminar até mesmo aquelas que surgem em nosso meio coletivo, mas não frutos do coração do Pai. Precisamos dar ao homem aquilo que é raiz de Evangelho, raiz de verdade, pois, nutridos do alimento sólido, não ansiamos outra coisa que não levar todos a experimentarem daquilo que recebemos da parte de Deus.
Quando nós assumimos aquilo que é devido, nos lançamos à frente e não só esperamos o porvir. Revelamos, assim, a vida de Deus à vida dos homens. Não esperaremos mais o tardar de um anúncio, vislumbrando o tempo oportuno vindouro, mas confiamos no agora do propósito que nos foi confiado, cientes de que Deus mesmo fará o que for necessário para que sua palavra se cumpra com fidelidade.
Ao falarmos de indivíduo, falamos de pessoas que precisam ser alcançadas. Não anunciamos para o abstrato, mas para seres reais e concretos. E anunciamos porque o Senhor nos confiou um povo a ser alcançado.
Sabemos, pois, que os indivíduos constituem a sociedade e que sem aqueles, esta não existiria. Se temos um povo confiado, é porque temos indivíduos únicos que Deus quer que agrupemos. O homem é que precisa ouvir a verdade sobre si e sobre o Pai.
O homem é constituído por corpo, alma e espírito (I Tessalonicenses 5,23). Essas três realidades é que fazem a totalidade do homem. Não se pode anular nenhuma delas ou cercear o crescimento da graça.
Vivemos em um tempo que cancela a realidade espiritual do ser humano, priorizando a realidade corporal, estimulando o hedonismo. O homem que é somente corpo não pode ser aquilo que Deus quer, visto que não se pode anular aspectos fundantes de sua natureza sem causar processos danosos em si e no coletivo.
O homem atual, sem saber, não é completo, porque nele falta o entendimento de algo muito maior: que nós não somos apenas animais racionais, mas que somos portadores do Espírito Santo.
Há aqueles que não sustentam uma vida no Espírito porque não sabem que têm espírito. Não conhecem a dimensão espiritual de si mesmo porque nunca lhes foi dado a conhecer e, assim, negam, também, a realidade espiritual transcendente. Isto nos revela campos de missão que precisamos atuar: corações de homens e mulheres que não conhecem a Deus.
É impossível viver bem sem a vida no Espírito, pois, sem ela, não se tem a inteireza da natureza particular de cada ser humano. O nosso propósito é de natureza divina. Quando tiramos Deus do homem, retiramos do homem os seus propósitos.
É por isso que nossa sociedade se aflige por tantos males: o homem, afastado de Deus, não conhece a si mesmo e, por isso, não pode conhecer o outro. Despropositado, o ser humano aniquila qualquer possibilidade de Reino e de vida de santidade.
A vida de santidade é, pois, uma vida de recuperação da vida com Deus. É retornar ao propósito e objetivo com o qual fomos criados: ser imagem e semelhança do Pai, para, junto com a criação, elevar cânticos de louvor ao que está sentado no trono.
Um outro malefício de quando se retira do homem o espiritual, é que este começa a negar o mal na vida do homem e na sociedade. Jogando, desta forma, toda a maldade para o sistema. Nós, porém, sabemos que o mal da sociedade não está nas ideias, nas coisas, mas no pecado do indivíduo, que as cria.
A nossa resposta, como povo de realidade carismática sobrenatural, deve ser, portanto, discipular individualmente, um por um. Trazendo-lhes a verdade de suas dimensões e estabelecendo a centralidade do Senhor em cada uma delas para, assim, transbordar para os alicerces comuns e, consequentemente, para toda a sociedade.
Aos homens, lembraremos que a responsabilidade que se tem diante das escolhas, proporcionada pelo livre arbítrio, organiza a sua liberdade. Mostraremos que Liberdade sem responsabilidade – maneira pelo qual o mundo insiste em seduzir os indivíduos – é libertinagem. E que nós, homens, somos capazes de escolher por Deus, porque antes fomos escolhidos.
Iremos impactar cada uma das esferas da sociedade. Combateremos ideologias e tentações que queiram retirar do homem a verdade de quem ele é e os seus direitos de filhos e filhas de Deus: à vida, à liberdade e à propriedade. Não seremos polarizados ou alicerçados por intensões materialistas, mas avançaremos porque possuímos direções reveladas pela Palavra e pela boca do Senhor que fala a nós.
O direito inalienável à Vida deve nos revelar que a matéria existe, mas é no Espírito que se torna ser. Preocupar-nos-emos com o corpóreo também, garantindo que as vidas possam ser preservadas, mas, sobretudo, nos voltaremos com o sentido de vida que nos foi implementado pelo Nefesh Ruach de Deus em nós.
O direito inalienável à Liberdade, nos dá a conhecer o próprio Espírito Santo, que nos faz chegar a Deus e conhecendo a Deus, nos tornamos livres. Deus nunca quis seus filhos cativos (de si mesmo ou de sistemas) e gerou-nos para a liberdade. Difundamo-la a todos quanto ainda vivem escravidão, quebrantando realidades alienantes.
No gênesis, Deus ordenou ao homem que cultivasse e guardasse a terra, garantindo, assim, o direito inalienável à Propriedade. Cultivar é gerar produtividade, de modo a usufruir da terra aquilo que ela nos pode dar. Guardar é preservar, cuidando para que outros também desfrutem do dom de Deus, nos dado gratuitamente.
Os indivíduos, por sua vez, constituem os outros alicerces da sociedade: Igreja, Família e Estado. Se bem ordenados, ordenarão para Cristo o meio comum. Por isso, é necessário que nos preocupemos com a realidade social, como Deus mesmo se preocupou.
Ekklesia
A Igreja é o corpo em movimento. Entendemos Ekklesia (Igreja) como a instituição em que há representantes legais, regimentos e o seu próprio povo (o Qahal). Os representantes institucionais da ekklesia são: O papa, os Bispos, os Presbíteros e diáconos. Seus regimentos são a Palavra de Deus. O seu povo são todos os homens e mulheres.
Por sua própria etimologia, a ekklesia (ek;para fora kaleo; chamado) é chamada para fora, para partir. Chamada a edificar não apenas dentro das paredes, mas para fora, para as nações, sociedade e cultura.
Somos uma ekklesia carismática que precisa transbordar, ir além e ganhar força, revelando legado de manifestação profética através de nós. Não apenas para gerar números, mas, sobretudo, para construir entendimentos sobre todas as realidades que constituem o homem.
Construir entendimento é evidenciar profeticamente aquilo que a Bíblia já nos apresentou. Nosso mover não é, pois, apenas para revelar que Deus nos ama, mas como Ele nos ama, porque não necessitamos de novidade substancial, mas de novidade comportamental.
Kathólikós (Católico) significa universal. Explicita a característica da revelação divina: é para todos, não apenas a uma camada social privilegiada. É preciso se dispor a alcançar a todos. Os chamados são cada pessoa que crê em Jesus e recebe revelações da parte de Deus.
A ekklesia é parte da sociedade e instrumento de transformação, não pode mais ficar alheia, mas precisa impactar com Jesus a sociedade. Perdemos bastante tempo, mas não podemos mais lamentar. Devemos proclamar promessas.
Na ekklesia estão os fundamentos da verdade (I Tm 3,15). É preciso, pois, fundamentar tudo em Jesus e ter uma vida apaixonada pelo Evangelho. É a verdade que discipula nações. A força vem de Deus e não das capacidades humanas. O que a Igreja precisa revelar não as cores das toalhas de altar ou a liturgia do culto, mas a pessoa para quem se volta tudo: Jesus Cristo.
A Ekklesia deve ser repleta de autoridade e poder na Palavra, pois a Palavra é sinal de festa para nós. Transformar e santificar culturas pela Palavra é a meta Kadosh. Para nós, é pedido que encarnemos a palavra em nosso viver, nem que seja um só versículo: “Deus é amor”.
A Igreja pode transformar destinos, a partir do ensinamento da verdade e da formação dos homens. Para isso, precisa determinar nos lugares e indivíduos poder e autoridade da parte do Senhor para os homens. É sobre determinar e viver para si visões e essências.
A Igreja não é o Reino em totalidade, mas parte deste. Todas as esferas da sociedade precisam da ekklesia, pois cabe a ela levar a verdade e solidificar a cultura do Reino nos outros âmbitos. Onde Deus precisa agir, a Igreja precisa revelar e capacitar.
Família
O terceiro alicerce da sociedade é a família. Uma sociedade sem família é uma sociedade sem avanço, pois é na família que a sociedade se inicia e na família novos chamados são gerados. As famílias foram criadas para ser imagem do criador na sociedade.
Há intenção no coração de Deus quando cria a Igreja familiar. Ao constituir homem e mulher como família, Ele não juntou duas pessoas simplesmente, mas fundou uma instituição. Essa essência das Escrituras é que precisa ser resgatada às famílias.
Deus não brinca com famílias, nem mudou o seu plano e seu sonho para os homens. Aconteceu que as famílias se afastaram daquilo que o Senhor Deus sonhou e, por isso, cabe a nós voltar à família segundo o apelo bíblico, sem as derivações prejudiciais de apelos sociais inconsistentes com a verdade revelada.
Famílias são pessoas que se uniram diante da benção de Deus para gerar legados, para gestar salvação. A sociedade precisa de “famílias santuários”, famílias sacerdotais, não de ajuntamento de pessoas apenas. Famílias autênticas e proféticas é o desejo do Senhor e apelo a este Karisma.
É preciso sacudir a sociedade dentro das casas, para resultar em frutos fora dos muros. Assumir famílias numa sociedade projetando uma sociedade de Reino, pois é no coletivo que somos provados no caráter cristão. Seremos comprovados em adoração não nas nossas casas, mas na sociedade.
Deus não quer famílias fechadas, mas famílias em saída, missionárias e discipuladoras. Famílias que expressem a possibilidade de santidade. Também não quer parte das famílias, mas quer a todas.
Devemos entronizar adoração nas famílias, para frutificar em visão geracional, que é deixar legados sobrenaturais de geração em geração. As famílias precisam deixar como herança aquilo que é mais importante: Jesus.
Multiplicar a face de Deus; dominar sobre a terra; discipular gerações na educação para a fé e da fé; cuidar da saúde e do bem estar: eis as responsabilidades das famílias nos dias atuais. Eis o impacto que as famílias Kadosh precisam causar na sociedade.
Estado
O Estado é o 4º alicerce da sociedade, após o Indivíduo, a Família e a Ekklesia.
Toda Nação possui uma ordem particular na maneira de dividir o seu Estado. O Brasil, como na maioria dos países do mundo, adota o modelo tripartite, no qual o Estado é composto por três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Cada um desses poderes, independentes e reguladores entre si, é responsável pela articulação e manutenção da vida dos indivíduos de uma nação. Deve-se compreender, portanto, que os poderes estatais estão a serviço do indivíduo e a ele deve dar a sensibilidade de seus direitos e deveres.
De Isaías 33,32, obtêm-se o modelo tripartite perante o Senhor Deus, que é juiz, legislador e Rei. Soberano sobre os poderes é Yahweh, pois d'Ele é que provém todas as formas de autoridade e governo sobre os homens.
Visibilidade especial obtém as instituições estatais com fim de salvaguardar a população: a polícia (Militar, Civil, Guardas, Agentes de Segurança e Penitenciários), e as forças armadas (Exército, Aeronáutica e Marinha).
Por estas instituições, o Estado tem o dever de defender o Indivíduo e a Nação conta malfeitores e ataques, além da manutenção da ordem estabelecida constitucionalmente e garantida nos códices penais. O poder de polícia destina-se a defesa das ameaças internas contra o indivíduo e de suas propriedades. O poder das forças armadas, por sua vez, destina-se a proteger os limites da Nação e defendê-la contra ameaças externas
Pelas instituições deve, também, ser elevado o nosso clamor. Cada uma delas constitui um poder organizado e dotado de unção de autoridade derramada pelo Senhor. Clamamos a transformação das pessoas que as integram e a presença de Cristo Jesus para boa manutenção da organização social.
Isolados, portanto, não devem estar espiritualidade e cidadania. Antes, porém, correlacionam-se. Não somos cristãos para dentro da ekklesia, da família, ou pior, para nós mesmos, mas, se de fato o somos, somos para fora: para os outros e para a sociedade como um todo.
Vivemos em uma sociedade com extremos de alienação (a que persiste entre os cristãos e aquela que é gerada pelo mundo), cujo propósito é a desumanização do ser humano e a censura diante da proclamação da verdade. Cabe-nos propositar o homem no seu verdadeiro sentido: aquele que fora depositado pelo Senhor na criação.
É dever nosso, também, elevar posicionamentos relevantes e trazer respostas eficazes para as dúvidas e problemáticas levantadas na sociedade. Não nos cabe a defasagem de uma letargia corrosiva, mas a autoridade e eficiência do Senhor, que nos posiciona como pessoas íntegras e santas.
As pessoas líquidas, de quem Bauman fala em sua obra e que são, via de regra, maioria em nossa sociedade, se adaptam em qualquer forma. Nós, porém, não nos contentaremos e aceitaremos nenhum recipiente que não seja a vontade do Pai. Recebemos o Evangelho, credenciamos Jesus sobre todas as coisas.
Ao Estado, por sua vez, cabe a administração, não a provisão do homem. Ele possui responsabilidades específicas que não devem, pelo bem da sociedade, ser nem reduzidas e nem ampliadas. Em ambas realidades (Estado em falta e Estado em demasia), as liberdades e direitos individuais da pessoa não são respeitados.
Cabe ao Estado, portanto, preservar e guardar os direitos fundamentais (à vida, à liberdade e à propriedade); proteger os indivíduos das ameaças internas e externas; punir os malfeitores; e administrar impostos para favorecimento da população.
Junto a isso, o Estado precisa ter valor, propósito e prazo. Em nós, deve pulsar o desejo para que os transformemos na conformidade com o Reino. Valores de Reino, propósitos de salvação e prazo temporário, até que o Senhor Jesus volte.
A primeira instância de cuidado com os necessitados deve ser a generosidade comum do indivíduo, a segunda deve ser a família. A terceira instância é da atenção a quem está perto de nós. Em seguida temos a Ekklesia e, por fim, o Estado. Haja vista que, nos nossos dias, instâncias optam por se omitir, sejamos nós aqueles que fazem do impossível realizável. Sem desculpas, sem terceirizações.
Atentos ao apelo de expansão evangélica, antecipemos no clamor pela nação, pelos perdidos e pelos que se perdem. Difundamos o impacto discipular e apaixonadamente convencionemos o nosso viver.
Fecundo lugar de profetas deve ser o Kadosh, a receber unção da parte de Deus daquilo que Ele revela para a Nação brasileira e para todos até os confins da terra. Deste Karisma, brota a promoção de uma sociedade livre e justa no Cristo, por causa do Cristo e em nome do Cristo.