Fugacidade do tempo, tibieza moral, desavenças sociais, indiferenças: aspectos de um século presente, cuja esperança futura parece não ser vista a olhos humanos. Imergimos socialmente em contextos que revelam males que estremecem até aqueles que deveriam desabrochar como luminosidade aos que andam nas trevas. 

No Século XIX, o escritor francês Chateaubriand criou a expressão “mal do século”. Ela traduzia a mentalidade – e ainda a nós, homens da contemporaneidade, emerge significância – do contexto de surgimento do romantismo (escola estética muito popular, de quem Chateaubriand era representante na literatura). 

Brotava, nas sociedades europeias daquele tempo, uma sensação de desânimo, tédio e descrença muito parecida com a que hoje experimentamos. Questionamo-nos, então, por que o homem do século XIX e o do século XXI são tão parecidos, apesar de tantos avanços tecnológicos? Qual o entendimento que o homem precisa para vencer de vez o “mal dos séculos”? 

Essa resposta nós já a temos, mas muitos ainda não foram capazes de compreender, pois a luz veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram (Jo1,11). 

Estimulados com tantas novidades sociais, o homem voltou-se, cada vez mais, àquilo que era material e virou as suas costas ao que era espiritual. Negligenciou-se a vida nova, que gerada na ressurreição, possibilitava ao homem uma certeza além do que é tangível. 

Pensou-se por muito – e ainda hoje – que esvaziando-se do sentido espiritual, o homem encontraria sentido em si mesmo. Em verdade, o homem não pode ter sentido em si, mas em algo muito maior, que é o próprio Deus. Isto até mesmo os existencialistas admitiam.   

Materialista, o homem optou por ideologias deterministas de prosperidade presente, que, à medida que se tornam impossíveis, frustram-no cada vez mais. Há um jogo sedutor, que, como areia movediça, prende o ser humano e o faz ensimesmar-se constantemente. 

Combata-se, também, a sensação de desânimo e desespero, fruto de um olhar condenador, do qual fomos alertados há cerca de dois mil anos. “Não foi para condenar o mundo que Deus enviou o seu Filho ao mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3,17).

 Esta visão condenatória tem obstruído muitos cristãos de proclamar o Maranata, pois, impedidos por si mesmos de vivenciarem da misericórdia e da graça, apaticamente veem a obra da criação ruir em suas vistas. 

Eis que surge, mais do que nunca, a necessidade de pessoas desejosas por esbravejar a verdade, que muito já fora negligenciada. Faça-se escutar a única resolução de todos os problemas: Jesus, o Cristo, o Senhor. 

Enquanto houver prantos a noite, haverá alegrias pela manhã. Enquanto houver quem sofra desesperançosamente, haverá de ter homens e mulheres, jovens e adultos dispostos a determinar a salvação já chegada e efetivada. Se a sociedade se desvia, há de haver quem mostre aquele que é o caminho. Se geme a criação em dores de parto, haverá a manifestação dos filhos de Deus, pois aquele que promete é fiel para cumprir. 

Abre-se, neste tempo, a substituição do materialismo pelo que é espiritual, do passageiro pelo eterno, do lobo voraz pelo cordeiro manso, de todo medo pela certeza de que a cruz e o túmulo estão vazios. 

Seja o Senhor a esperança de todas as gerações. 

Amém! Vem, Senhor Jesus!

Guilherme Araújo (Comunidade Kadosh)