“Quando me invocardes, irei em frente, quando orardes a mim, eu vos ouvirei. Quando me procurardes, vós me encontrareis, quando me seguirdes de todo o coração, eu me deixarei encontrar por vós – assim diz o Senhor”
Jr 29, 12-14a.

Essa passagem, do livro do profeta Jeremias, está inserida em um momento de muita dor para o povo de Israel: era o período do exílio babilônico, em que muitos hebreus, amedrontados pela situação em que se encontravam, deixaram de confiar no Senhor. 

Muitos eram os motivos pelos quais os filhos de Israel podiam clamar: a sociedade judaica estava desintegrada. A estrutura política, pela qual eles haviam sido guiados durante séculos, havia se fragmentado. As autoridades constituídas (anciãos, sacerdotes, profetas e o próprio rei) haviam sido levados à Babilônia. O mundo como muitos haviam conhecido já não mais existia. Eram novos e intensos desafios com situações verdadeiramente aterrorizantes.

O levantamento profético de Jeremias, que acabamos de ler, constitui não apenas um abalo nas perpetuações estruturais religiosas – que, como bem sabemos, omitiram-se e desvirtuaram-se, quando deveriam ter sido as primeiras a levantarem-se em clamor ao Senhor-, mas, também, significa que o profeta escolhido pelo Senhor se preocupa com a dor do povo de Deus.

Em diversas situações, o texto bíblico nos deixa claro que não existe profecia e intercessão sem engajamento e preocupação social, sem escuta de clamor. Jeremias ensina que o profeta deve se posicionar diante do sofrimento do povo. Não há, pois, como ser profeta e ser alheio à tudo que acontece com os que estão próximos e o que acontece na sociedade e na nação. 

Nós, povo da nova aliança, redimidos por Cristo e investidos no sangue do Cordeiro de autoridade sacerdotal, régia e profética, precisamos ser os Jeremias dos tempos modernos. O Kadosh, que como já sabemos, é lugar de profecia, é pois, por essa mesma característica, lugar de escuta ao clamor do povo. 

Você pode imaginar que, apesar de díspar, a situação do cativeiro babilônico,  encontra muitas similaridades com a sociedade em que vivemos hoje. E da mesma forma como Deus suscitou o profeta para guiar a solução para aquele problema social, Ele levanta homens e mulheres, eu e você para os problemas do hoje. 

1- O profeta orienta como invocar o Senhor 

O primeiro e maior problema é que, bem como naquela época, o povo não sabe que pode invocar ao Senhor. Jeremias precisou relembrar que o Senhor Deus escuta aqueles que o procuram. 

Bem verdade que em nossa sociedade, muitos ouviram falar em Jesus, mas poucas pessoas dele experimentaram a ponto de dizer que o conhecem. Poucas realmente sabem se relacionar com Ele, seja por conta da religiosidade exagerada – pautada em métodos escassos  de presença e vazios de intimidade – seja por conta da falta de testemunho cristão. 

Muitos hoje estão distantes de Deus e não sabem que podem orar ao Senhor. Você, profeta, tem o dever de dizer e apontar o caminho certo: o relacionamento com o Pai. 

2- O profeta é o enviado do Senhor para proclamar a sua Palavra. 

Nos versos 8 e 9 deste mesmo capítulo, o Senhor orienta o seu povo para tomar cuidado com a polifonia que pretende substituir a voz da verdade. Muitos eram e são aqueles que pretendem deturpar a verdade com fragmentos de mentira. 

Também em nossa sociedade, há aqueles que pretendem ser legitimadores e detentores da verdade, como se a eles pertencessem o discernimento sobre todas as coisas. Há aqueles que determinam-se influencers e os que dizem falar em nome do Senhor, mas na verdade são falsos profetas. 

O profeta, porém, é aquele que é enviado da parte do Senhor para proclamar a sua Palavra, gerar libertação de cativos, iluminar as trevas, fazer  brotar e frutificar onde havia infertilidade.

Que o Senhor Deus possa gerar, em nosso meio, profetas comprometidos com a proclamação da Palavra da verdade, que atendam aos gritos de clamores do povo e geram quebra de cadeias e de jugo, por causa da autoridade revelada e constituída no sangue de Jesus.