Desde crianças estamos acostumados a um pensamento futuro. Pensamos no que será possível fazer e ser quando estivermos grandes. Para alguns os projetos podem permanecer até de certa forma os mesmos, como no caso de quem sempre sonhou em ser determinado profissional, e assim conseguiu. Mas para outros, e ouso dizer que para a grande maioria de nós, o tempo sempre é o fator que ocasiona na mudança de planos.
Olhemos para o tempo presente, acho que uma das frases que mais temos dito é: ‘’Ninguém imaginava que estaríamos vivendo dessa forma’’. Realmente uma pandemia nunca é esperada por ninguém e muito menos imaginada. Afinal, ninguém espera e nem imagina que algo desta proporção possa ocorrer. Porém te convido a fazer o exercício de pensar: Mesmo se não estivéssemos nessa pandemia, estaríamos nós realizando os mesmos planos que fizemos no ano passado?
A minha resposta é: Não sei rs. Porque a verdade é que a vida real é incerta, tendo ou não uma pandemia ou catástrofe. Posso planejar meu dia de amanhã, mas com certeza não sairá conforme o meu manual. A um ano atrás eu tinha projetos que talvez se assemelham um pouco com os atuais, porém as circunstâncias e as experiências que vivo a cada dia me fazem sempre repensar e reposicionar meus passos. E feliz é aquele que se permite passar por esse processo de mudança, seja dos planos, mas também de si.
Há construções que as mudanças fazem em nós que nenhum outro processo consegue. Refazer, repensar, recriar, replanejar…É quase obrigação, do contrário permanecer no mesmo local e a mesma pessoa provavelmente causaria mais dor a nós mesmos e ao outro, até porque ninguém muda pra pior, mas sim para sair dele. Claro, os acontecimentos ruins também mudam tudo, por exemplo, a perda de um ente querido causa uma mudança em nosso cenário e em nossa pessoa que nos leva aos piores locais de dor e existência, porém o tempo, este que os obriga a mudar as rotas, também nos obriga a sair desses espaços dolorosos rumo a direções de resiliência e coragem que talvez de outras formas nunca iríamos provar. E por coragem e resiliência não digo não sentir dor, pelo contrário, senti-la ao ponto de tirar dela frutos.
As pessoas da autoajuda costumam dizer que em momentos de crise surgem as melhores ideias. Aqui no Kadosh dizemos que somos pobres, porém criativos. Mas a verdade é que todo dia, mesmo com a rotina, há algo novo que não precisa ser crise para que surjam nossas mudanças e assim o melhor de nós. Encerro aqui com a palavra de Provérbios: ‘’O coração humano projeta o caminho, mas é o Senhor quem dirige os passos’’. A vida real é cheia de incerteza, como afirmei no início desse texto, mas alicerçados no Senhor obtemos precisão para onde ir.
Juliana Lima (Comunidade Kadosh)